domingo, 10 de fevereiro de 2013

+ Nona Arte #2 | Fevereiro de 2013













Na coluna desse domingo trazemos o review da sétima edição de Monstro do Pântano da fase Os Novos 52; de Os Olhos do Gato, de Moebius e Jodorowsky; da minissérie de Warren Ellis e Chris Sprouse, Oceano; e, por fim, do álbum João das Fábulas - Americana. Confiram!


Monstro do Pântano #7 - Monstro do Pântano
*** (6,5)
DC Comics | junho de 2012
Panini | janeiro de 2013
Roteiro: Scott Snyder
Arte: Yanick Paquette

Os eventos da edição anterior não deixaram as perspectivas muito boas para o futuro do verde e, por extensão, de Alec Holland. Para situações extremas devem ser tomadas solução tão extremas quanto. Foi seguindo essa filosofia que Alec Holland finalmente se entrega aos constantes apelos do Parlamento das Árvores e aceita se transformar no Monstro do Pântano. Na nova cronologia apresentada a partir do Novos 52, essa é a primeira vez que Holland assume a identidade de Monstro do Pântano, mas ficou claro que o reboot não foi completo e menções a um período em que ele era o Monstro são constantes. Apesar de ser de importância crucial para a série, a história careceu de um pouco de mais ação, posto que quase toda a edição se resumiu ao diálogo entre Holland e o moribundo Parlamento das Árvores, que aos poucos vinha sendo consumido pela Podridão. Certamente essa "calmaria" (entre aspas mesmo, pois o diálogo se deu em meio a um ataque constante da Podridão ao último reduto do verde) é prenuncio de um embate épico entre o avatar da Podridão e o Monstro do Pântano. 

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Os Olhos do Gato
Les Yeux du Chat
***** (9,0)
Les Humanoides Associés | 1ª edição: 1978
De Moebius e Jodorowsky

Álbum pouco conhecido no Brasil, Os Olhos do Gato foi publicado no Brasil no longínquo ano de 1987 pela Martins Fontes. Desde então, a obra não foi mais publicada, nem mesmo com a atual boa fase de lançamentos de Moebius no país. Em 2012 ganhou uma nova edição na Europa pela editora Les Humanoides Associés. Escrita por Alejandro Jodorowsky e desenhada por Moebius (parceria que voltaria a se repetir na série Incal), Os Olhos do Gato é uma obra bastante experimental. Sua proposta é diferente dos quadrinhos convencionais, pois a forma como intercala ação e diálogo é algo que não tinha visto até então. Por trás da aparente simplicidade da ideia, está uma obra vigorosa e impactante, fortemente baseada no poder narrativo dos desenhos de Moebius. Percebe-se que ele se ateve especialmente na caracterização dos cenários e no seu plano expressivo, dado que a ausência de texto exigiu que a arte suprisse a lacuna. O resultado não poderia ser mais belo e, amo mesmo tempo, perturbador. As páginas finais reservam ao leitor uma experiência impactante.

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Oceano
Ocean
*** (6,0)
Wildstorm | dez. de 2004 a set. de 2005
Panini Books | julho de 2010
Roteiro: Warren Ellis
Arte: Chris Sprouse

Uma das coisas que mais me atraem em ficção científica é o fato de não haver limites para imaginação do autor da história a ser contada. Ao tratar de uma realidade de centenas de anos no futuro fica fácil justificar quase qualquer possibilidade tecnológica e comportamental. Os limites narrativos são mais amplos do que nas histórias convencionais. Em Oceano, todavia, todo esse potencial não é aproveitado, principalmente devido à fraca arte mostrada por Sprouse, que se mostra bastante irregular e incapaz de recriar um cenário futurístico sofisticado. Não somente isso, Sprouse parece ter tido sérios problemas em desenhar os personagens, cujos traços quase beiram a tosquice. O personagem Siobham foi a mais prejudicada com o estilo do artista. Quanto à história em si, ela começa muito bem, mas não cumpre as expectativas criadas. Talvez tenha sido algo proposital de Ellis em não consumar a ameaça que povoou toda a trama, mas de qualquer forma não ver a civilização alienígena adormecida tocando o terror foi um pouco decepcionante.

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João das Fábulas: Americana
Jack of Fables #17-21
**** (7,5)
Vertigo | janeiro a maio de 2008
Panini | novembro de 2012
Roteiro: Bill Willingham e Matthew Sturges
Arte: Russ Braun e Tony Arkins
Arte-Final: Andrew Pepoy e Steve Leialoha

Pode-se dizer que João das Fábulas é uma das poucas séries de quadrinhos adultos que assumidamente investe no gênero comédia. Pode ser bastante comum em outras mídias, como cinema e série de TV, mas nos quadrinhos é difícil se deparar com um título que investe sem pudor no gênero. Em Americana isso fica bastante claro. O roteiro é direcionado propositalmente para render situações ridículas e gags impagáveis. Ainda que essa orientação comprometa um pouco a história em si, ela é bastante eficaz em proporcionar humor. A série tem os elementos certos para divertir o leitor: personagens carismáticos, um enredo bastante prolífico para a comédia e liberdade para beirar o absurdo. Quanto ao último elemento é impossível deixar de mencionar a cativa participação do boi Babe e de suas histórias insólitas. É muito divertido ver acompanhar o quadro a quadro com ele impassível e imaginando algumas situações bizarras. É uma das estrelas do arco. Esse encadernado acompanha a disposição da publicação americana e traz a história das busca de João e cia. atrás de uma fortuna escondida num lugar mais bizarro que a cidade das fábulas chamado Americana. Outro atrativo são as ótimas capas de Brian Bolland que acompanham a edição.

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