terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

[Review] Superman - Terra Um | Straczynski e Davis

A história você conhece, mas volta e meia ela é recontada para as novas gerações, ainda mais num momento em que o principal objetivo das editoras de quadrinhos é renovar o seu público leitor. A proposta da iniciativa é exatamente essa: atualizar e redefinir as bases sobre o qual se sustenta uma das histórias mais icônicas dos quadrinhos, a origem de Superman.

Em Terra Um acompanhamos todos os momentos importantes de Clark Kent, desde a fase de descoberta ao lado de seus pais em Smallville, até seus primeiros desafiosem Metrópolis, na busca pelo melhor emprego e na luta contra o seu primeiro grande vilão. Todos esses eventos não são contados de forma linear. A história começa quando Clark chegando em Metrópolis, mas, em forma de flashbacks, vemos a chegada dele na Terra, a forma como seus pais adotivos o encontraram, como seu uniforme foi tecido, enfim, a trama se valeu da clássica intercalação de eventos passados e presentes. 


Ainda que conte essa história respeitando bastante a mitologia de Superman, não deixando de mencionar várias passagens clássicas de sua origem, mas Straczynski não deixou de imprimir sua proposta pessoal. Aliás, é precisamente onde a história do herói foi inovada, como na origem da destruição de Krypton e na forma que Superman surgiu, são as passagens mais frágeis e questionáveis da obra. Além disso, a dupla criativa passou uma áurea extremamente equivocada ao personagem. Parece-me totalmente incrível o fato de Clark, ainda que esteja povoado de dúvidas e angústia de uma nova vida, passar toda a história com um semblante carregado. Não sei se essa foi a proposta do próprio Straczynski ou é característica do traço de Shane Davis (Superman/Batman: K), cuja obra assumo que desconheço.


Quanto à arte do álbum, Shane Davis revelou ter um bom traço e ser bastante detalhista na construção de seus cenários, mas é evidente que cometeu vários escorregões durante a obra. A imagem de Clark Kent não ficou das melhores, sua aparência demostra tudo menos aquele vigor esperado de um herói da envergadura do Superman.

O roteiro, como já destacado, peca ao inovar e trazer para a origem do herói um supervilão pífio, criado especialmente para o título. Em nenhum momento convence que realmente representa uma ameaça. Todas as passagens em que o vilão ameaça o planeta Terra, colocando suas armas convenientemente posicionadas ao lado de emblemáticos monumentos (técnica um tanto preguiçosa pra representar o local mostrado), se mostram vazias. O leitor não vê naquilo uma ameaça real e, consequentemente, não compra a ideia. Esse fato praticamente fere de morte um dos momentos mais importantes da obra, se não ela por completo.

As cenas de luta não apresentam uma dinamicidade bacana, que seja agradável de ler. Ao invés de pelo menos propor um final crível, soluciona o conflito com um fatídico golpe final que instantaneamente neutraliza as ameaças pelo mundo todo. Maneira mais preguiçosa de se acabar uma história impossível.



Por fim, pode-se questionar a pertinência e a relevância de se criar uma nova obra sobre as origens de Superman, dado que ela já foi recriada inúmeras vezes. Inclusive, recentemente o leitor brasileiro teve recentemente a oportunidade de conferir as origens de Superman na revista Action Comics, sob a batuta de Grant Morrison. A proximidade entre as leituras, com certeza, não contribuiu para essas primeiras impressões. Nos EUA, somente pra esclarecer, Terra Um saiu em outubro de 2010, enquanto o reboot DC começou em setembro de 2011. De qualquer maneira, a versão de Grant Morrison é muito melhor que a de Straczynski.

Superman: Terra Um
Superman: Earth One
*** (6,0)
DC Comics | novembro de 2010
Panini Books | dezembro de 2012
Roteiro: J. Michael Staczynski
Arte: Shane Davis
Arte-Final: Sandra Hope
Cores: Barbara Ciardo

Nenhum comentário:

Postar um comentário